O Art. 4º da Resolução 307 do CONAMA deixa claro que os geradores devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos e, secundariamente, a redução, a reutilização, a reciclagem e a destinação final dos RCD, termos integrantes do PGRCC.
No tocante à problemática da disposição final de grandes volumes de RCD somado a escassez de recursos naturais em algumas regiões brasileiras, vários estudos estão sendo desenvolvidos para analisar formas de reuso e reciclagem do material. A seguir estão detalhadas algumas alternativas já bem difundidas para o aproveitamento dos RCD.
A NBR 15.116 (ABNT, 2004), que dispõe sobre os requisitos para utilização de agregados reciclados de RCD em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural, define agregado reciclado como um material granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção ou demolição de obras civis que apresenta características técnicas para a aplicação em obras de edificação e infraestrutura.
Estes agregados reciclados são provenientes do beneficiamento de resíduo pertencente à Classe A e podem ser divididos em dois tipos, de acordo com a porcentagem de fragmentos de concreto na sua fração graúda:
- Agregado reciclado de concreto (ARC): mínimo de 90%, em massa, de fragmentos de concreto;
- Agregado reciclado misto (ARM): menos de 90%, em massa, de fragmentos de concreto.
Ainda que não haja uma unanimidade quanto aos custos dos agregados reciclados, é certo que os valores sempre serão inferiores aos dos agregados naturais.
É necessário fazer uma ressalva quanto às características destes agregados: a possibilidade da presença de faces polidas em materiais cerâmicos, como pisos e azulejos, pode interferir negativamente na resistência à compressão do concreto. Assim, sua viabilidade é condicionada ao uso como agregado para concreto não estrutural, conforme indica a NBR 15.116, em substituição parcial aos agregados convencionais (areia e brita).
Os equipamentos necessários para a instalação de uma usina de reciclagem são simples: britador, peneira e esteira.
Compósitos Cimentícios com Agregados Reciclados
O uso de agregados reciclados em compósitos cimentícios já foi testado em vários trabalhos do Brasil e do Exterior tendo como resultado:
- Reuso de cacos de blocos cerâmicos e telhas em substituição parcial à brita natural na produção de concreto;
- Trituração de material cerâmico até a finura de pó para uso como aglomerante em argamassas de revestimento e como fíler na produção de concretos estruturais;
- Uso de agregados reciclados para produção de concretos estruturais, obtendo-se resistências de até 35MPa (GPMATE);
- Produção de tijolo de solo-cal com incorporação de pó cerâmico e de tijolo de concreto com incorporação de agregados reciclados;
- Uso de brita reciclada em substituição à brita natural para produção de concreto auto adensável, um tipo de concreto especial;
- Produção de blocos de pavimentação com agregados reciclados.
Pavimentação com Agregados Reciclados
A reciclagem de RCD como agregado para ser misturado ao solo na constituição das camadas de base, sub-base e revestimentos primários de pavimentação é a alternativa mais difundida e aceita no meio técnico por possuir estudos mais consolidados.
O aproveitamento do agregado reciclado na pavimentação apresenta diversas vantagens como:
- Utilização de quantidade significativa de material reciclado tanto na fração miúda, quanto na graúda;
- Simplicidade dos processos de execução do pavimento e de produção do agregado reciclado (separação e britagem primária), contribuindo para a redução dos custos e a difusão dessa forma de reciclagem;
- Possibilidade de utilização dos diversos materiais componentes do entulho (concretos, argamassas, materiais cerâmicos, areia, pedras, etc.);
- Utilização de parte do material em granulometrias graúdas reduzindo o consumo de energia necessário para a reciclagem do entulho.
O Laboratório de Mecânica dos Pavimentos (LMP) da Universidade Federal do Ceará (UFC) já desenvolveu várias pesquisas com a utilização do agregado reciclado do resíduo de construção e demolição na pavimentação que comprovam a sua aplicação na área rodoviária com bons resultados, tais como:
- Aplicação dos agregados reciclados em camadas de bases e sub-bases de pavimentos;
- Emprego de misturas solo e RCD para emprego em camadas granulares de pavimentos;
- Aplicação do agregado reciclado para revestimentos do tipo Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), tratamento superficial simples (TSS), duplo (TSD) e triplo (TST).
Material retirado de: Manual sobre os Resíduos Sólidos da Construção Civil de Sinduscon CE
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