terça-feira, 26 de maio de 2015

                                                  ARGAMASSAS


    Os primeiros registros de emprego de argamassa como material de construção são da pré-história, há cerca de 11.000 anos. No sul da Galiléia, próximo de Yiftah’el, em Israel, foi descoberto em 1985, quando de uma escavação para abrir uma rua, o que hoje é considerado o registro mais antigo de emprego de argamassa pela humanidade: um piso polido de 180 m², feito com pedras e uma argamassa de cal e areia, o qual se estima ter sido produzido entre 7.000 a.C. e 9.000 a.C. (European Mortar Industry Organization – EMO, 2006; Hellenic Cement Industry Association – HCIA, 2006, apud CARASEK,2007).
    A argamassa é um material bastante utilizado na construção civil. Suas principais aplicações em uma edificação são no assentamento de alvenarias (cerâmicas e de concreto), em revestimentos primários (emboço, reboco), em contrapisos e no assentamento/rejuntamento de revestimentos cerâmicos. A definição de argamassa segundo a NBR 13281/2001 é a mistura homogênea de agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânico(s) e água, contendo ou não aditivos ou adições, com propriedades de aderência e endurecimento, podendo ser dosada em obra ou em instalação própria (argamassa industrializada).
    Do ponto de vista estrutural, a principal função da argamassa é possibilitar a transferência uniforme das tensões entre as unidades de alvenaria. Isso ocorre porque a argamassa compensa as irregularidades e as variações dimensionais das unidades. Além dessa função, deve também unir solidamente as unidades de alvenaria e ajuda-las a resistir aos esforços laterais. (ROMAN, 1996) 

                                        Classificação das argamassas

 As argamassas podem ser classificadas de diversas maneiras: quanto à sua função; quanto ao tipo de aglomerante; quanto à forma de preparo, entre outras.
Quanto à sua função As argamassas podem ser classificadas de acordo com suas funções, como mostra o Quadro 1



QUADRO 1 - CLASSIFICAÇÃO DAS ARGAMASSAS SEGUNDO AS SUAS FUNÇÕES NA CONSTRUÇÃO
FONTE: CARASEK (2007)


                                            Argamassa de assentamento 

      A argamassa de assentamento é caracterizada pela NBR 8798/85 como o elemento utilizado na ligação entre os blocos de concreto, garantindo distribuição uniforme de esforços. Segundo Franco (2000), dentro do conjunto da alvenaria, a argamassa de assentamento tem várias funções a cumprir. Estas têm sido caracterizadas como: unir os componentes de alvenaria para que o conjunto seja capaz de resistir diversos tipos de esforços, distribuir uniformemente as cargas atuantes na parede por toda a área resistente do bloco, absorver deformações a que a alvenaria estive sujeita, e selar o conjunto quando a alvenaria for aparente. 

                                   Quanto á forma de preparo ou fornecimento

      Argamassa preparada em obra: a equipe técnica da obra escolhe os fornecedores de insumos (areia, cimento, cal), e fornecem a composição da argamassa para ver se atendem aos requisitos; Mistura semi pronta para argamassa: é composta de uma mistura de cal e areia. O cimento é adicionado a essa mistura no local da obra. Com uma aplicação rápida pode ser utilizada tanto para o revestimento quanto para o assentamento do material;  Argamassa industrializada: pelo fato da mistura já vir pronta em sacos ou a granel, basta adicionar água para que se obtenha argamassa. É composta por aditivos incorporadores de ar, que contribuem para a resistência à compressão e trabalhabilidade, que podem variar com o tipo de misturador ou tempo de mistura; Argamassa dosada em central: são nas argamassas dosadas em central que são realizados os testes de qualidade dos materiais medindo sua massa e seu volume e sendo misturados em uma betoneira. (PETRUTTI,2008, apud KLASS;OLIVEIRA, 2012).

                                           Quanto ao tipo de aglomerante 

     Classificam-se as argamassas de acordo com o tipo de aglomerante que possuem, segundo Petrutti (2008), as argamassas podem ser classificadas da seguinte maneira:
Argamassa de cimento: é composta de areia e cimento, possui uma alta resistência e indica-se para suportar maiores cargas;  Argamassa de cal: é uma mistura de areia e cal. Pode ser utilizada cal hidratada ou cal virgem. Indica-se para obter uma boa trabalhabilidade e retenção de água, porém apresenta baixa resistência; Argamassa de cimento e cal: é composta de cimento e cal. Devido à combinação dos dois elementos esta argamassa apresenta-se como uma mistura mais completa, tendo boa trabalhabilidade e resistência; Argamassa de gesso: composta basicamente de gesso e areia. Utiliza-se em todos os revestimentos internos da categoria; Argamassa de cal e gesso: é composta de uma mistura de gesso e cal. Utiliza-se o emprego da cal juntamente na argamassa de gesso no intuito de protelar o inicio da pega, devido à propriedade da cal de reter água.

                                          Argamassa de base cimentícia 

       A argamassa no geral é constituída por agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) e água. No caso da argamassa de base cimentícia, o aglomerante utilizado é o Cimento Portland. Costuma-se adicionar outros materiais, como a cal, para a obtenção de propriedades especiais na argamassa cimentícia. Quando a argamassa é industrializada, utilizam-se os aditivos.

                                         Argamassa de base química 

      É um produto de última geração que representa a modernidade nos processos construtivos. É uma massa à base de compostos minerais e aditivos especiais para imediata colagem e endurecimento de superfícies. Quando distribuída uniformemente sobre o bloco de concreto, argiloso, cerâmico ou outro similar, confere alto grau de resistência na colagem e aderência. Devido a sua consistência pastosa, é indicada para aplicações em superfícies verticais e horizontais. Não necessita adição de água e nem outros componentes como cimento, cal e areia. (COLABLOCO,2013)

                                         Propriedades das argamassas

     Para que a argamassa desempenhe corretamente suas funções na edificação, é importante atentar-se para as suas propriedades tanto no estado fresco como no estado endurecido. No estado fresco as propriedades que devem ser observadas são a trabalhabilidade, a retenção de água e aderência inicial. No estado endurecido é importante que a argamassa apresente resistência mecânica, aderência, resiliência (capacidade de absorver deformações), durabilidade e retração na secagem.

                                              Propriedades no estado endurecido 

Resiliência (capacidade de absorção e deformações)

      No sentido restrito do termo, a resiliência ou elasticidade de uma argamassa é a capacidade que ela possui de se deformar sem apresentar ruptura quando sujeita a solicitações diversas e de se retornar à dimensão original quando cessam estas solicitações. No entanto, este sentido é estendido, no caso de argamassas, para o estado tal de deformação (plástica) em que a ruptura ocorre sob a forma de fissuras microscópicas ou capilares não prejudiciais. (MOTA,2001)
   Para Carasek (2007) as deformações podem ser de grande ou de pequena amplitude. O revestimento só tem a responsabilidade de absorver as deformações de pequena amplitude que ocorrem em função da ação da umidade ou da temperatura e não as de grande amplitude, provenientes de outros fatores, como recalques estruturais, por exemplo.

                                                      Resistência mecânica 

   A resistência à compressão das argamassas se inicia com o endurecimento e aumenta continuamente com o tempo. As argamassas exclusivamente de cal e areia desenvolvem uma resistência pequena e de maneira lenta e cujo valor depende muito da umidade apropriada e da adequada absorção do dióxido de carbono do ar para ser atingida. Ao contrário, as argamassas de cimento dependem menos das condições ambientais, para desenvolver a resistência à compressão esperada. (MOTA,2001)
       Segundo ROMAN (1996), a argamassa deve ser resistente o suficiente para suportar os esforços a que a parede será submetida. Por outro lado, não deve exceder a resistência das unidades, de maneira que possa absorver as movimentações que venham ocorrer devido a expansões térmicas ou a outros movimentos da parede. 

                                                            Retração 

       A retração ocorre devido à perda rápida e acentuada da água de amassamento e pelas reações na hidratação dos aglomerantes, fatos que provocam as fissuras nos revestimentos. As argamassas ricas em cimento apresentam maiores disponibilidades para o aparecimento de fissuras durante a secagem. (BARBOSA DOS SANTOS, 2008)


                                                              Aderência 

       Mota (2001) define a resistência de aderência como a capacidade que a interface componente-argamassa possui de absorver tensões tangenciais (cisalhamento) e normais (tração) a ela, sem romper-se. Desta resistência depende a monolicidade da parede e a resistência da alvenaria frente a solicitações provocadas por: deformações volumétricas (por exemplo: retração hidráulica e dilatação térmica); carregamento perpendiculares excêntricos; esforços ortogonais à parede (carga do vento); etc. Conceitua-se a capacidade de aderência da argamassa, para uma determinada base como sendo a capacidade que ela tem de fazer com que a interface entre ambas apresente uma certa resistência de aderência. (MOTA,2001)

                                                            Durabilidade

       A durabilidade é uma propriedade do período de uso do revestimento no estado endurecido e que reflete o desempenho do revestimento frente às ações do meio externo ao longo do tempo. Alguns fatores prejudicam a durabilidade dos revestimentos, tais como: fissuração, espessura excessiva, cultura e proliferação de microorganismos, qualidade das argamassas e a falta de manutenção. (MACIEL; BARROS; SABBATINI, 1998) 


















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